quarta-feira, 30 de maio de 2007

Da "trilogia da incomunicabilidade", de Michelangelo Antonioni


Revendo ultimamente medalhões do cinema moderno, por ocasião das sessões do cineclube, me apeguei muito a algo que percebi a partir da cena final de A Aventura (1960), do Antonioni. Naquilo que chamaram de "trilogia da incomunicabilidade", observei uma espécie de progressão na elaboração dos tempos mortos, de tímida neste filme ao escancaramento em L'eclissé (1962).

Execrando o intermediário La Notte (1961) da comparação, me chamou a atenção o rigor com que Antonioni filma pedras e o nível emblemático que carrega a escolha deste cenário para o filme; mas isso é apenas sintoma. O mais nítido acerca desse desejo do vazio é ver o casal protagonista no final de A Aventura, resignado diante de todas as suas impossibilidades, a contemplar o cenário em que viveram toda a imcompletude figurada até então; e depois, ver, no final de L'eclissé, o desejo do mesmo vazio, contudo agora potencializado nas panorâmicas impassíveis do cenário em que o outro casal protagonista viveu a imcompletude, entretanto sem os mesmos em quadro - talvez porque desconsiderados pela câmara. Curioso; afinal, agora a insistência em negar a existência - ou evidenciar tal negação - da válvula propulsora do drama parece misteriosamente justificada e esclarecida.

2 comentários:

Anônimo disse...

eu muito gostaria de comentar no teu blog, mas como muito não sei sobre o filme em quetão, resolvi muito encher-linguiça pra você muito não me azucrinar depois.
muito beijo.

simon disse...

isso aqui morreu?